sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Auto-elogio

Meu último livro – A revolta das coisas – é um tributo à vida, a possível felicidade, à harmonia entre os seres e as coisas. Embora para crianças, é um romance em miniatura. De estrutura complexa (para os pequenos), em que fábula e trama não são concomitantes, talvez não seja entendido por algum leitor-mirim, mas os pais estão aí para isso mesmo, para tornar o mundo e a arte explicáveis.

Subordinei tudo ao acabamento, à noção de que obra é um todo orgânico e esférico.

Sei que escrevi um bom livro, um livro que me dará muitas alegrias. E a primeira delas, a mais importante, já me foi dada. Ao lê-lo para Sofia, sete anos e muita literatura infantil já consumida, ela me disse, sorrindo:

– Gostei muito, papai – e meu deu um abraço apertado.

Esta mesma expressão, "gostei muito", é o que digo quando algum aluno, em aula, apresenta um bom texto.

Meu livro infantil é uma ode à democracia, ao consenso, à esperança. Confrontadas por três hipóteses para solucionar um problema grave, as coisas, personagens do livro, optam pelo caminho do meio.

Ao ultrapassar os cinqüenta anos, eu também estou mais sóbrio. Nem mais os arroubos da juventude, nem a passividade senil. Acredito, cada vez mais, na persuasão. E no poder da arte, sem a qual, segundo Nietzsche, morreríamos todos loucos.

3 comentários:

  1. Maravilha de post e mais maravilha ainda saber que tu podes te auto-elogiar sem a menor sombra de dúvida. Certamente todos que por aqui passam endossam os elogios. Até mesmo e secretamente aqueles que, anonimamente, te criticam.
    Vou procurar ler teu novo livro o quanto antes.
    Um grande beijo
    Lu

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  2. O que me chamou a atenção foi o fato de tua filha usar a mesma expressão que usas. Incrível como as crianças são pequenas filmadoras dos pais.
    Gostei do post. Vou ler o livro.

    abç
    Cesar

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  3. César Cruz,

    ganhaste um livro aqui no blog, já faz tempo. Te mandei o livro pelo correio, mas não comentaste nem por e-mail. Terás recebido? Como nem sempre as coisas chegam, te pergunto. Talvez eu tenha que te mandar por sedex.

    Abraço,

    CK

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