segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Planeta Viajante

Cientistas devem procurar o cálculo, a álgebra, o compasso, a prova; escritores, o sonho, o desejo, o medo, o mito. Os instrumentos dos primeiros matam a criatividade dos segundos. Escritores precisam saber – como dizia Mario Quintana – que não basta a uma vida ser vivida, ela precisa também ser sonhada.

E os tempos que vivemos, sobrecarregados de cientificidade, não são propícios às artes. Épocas como a nossa geram estéticas decadentes, desvitalizadas, comerciais.

Parece, mesmo, que estamos nos estertores de um ciclo, como dizem os adeptos da Nova Era. Para o tzolkin (“a contagem de dias”) dos maias, 21 de dezembro de 2012 será o último dia do décimo terceiro baktun (ciclo longo de 144.000 dias). No dia 22, começará um novo baktun. Se eles estivessem ainda entre nós, inaugurariam uma nova pirâmide, com decapitações e festas.

As primeiras referências míticas ao Planeta Viajante apareceram na Mesopotâmia, entre os sumérios. No poema épico Enuma Elish, na Tábua V, Nibiru (termo acadiano), significa “cruzamento” ou “ponto de transição”. Seria o ponto mais alto da eclíptica – o solstício de verão. Lá, no épico, ele não é um planeta, mas um estado astronômico. Zecharia Sitchin, que estudou a fundo esses mistérios, converteu-o em astro. Ou deu o nome de Nibiru ao corpo celeste que faria a tal órbita de 3.600 anos. Sempre que ele retorna, por conta de sua extraordinária massa, geraria confusões gigantescas: disfunções solares, desequilíbrios de órbitas, mudanças climáticas extremas, incremento de grandes terremotos e tsunamis, extermínios de peixes, pássaros e outros animais, novas glaciações, mudança dos pólos magnéticos e por aí afora.

Nibiru é chamado também de Planeta Destruidor, Hercólubus, Nêmesis, Apólion, Estrela de Absinto, Planeta Vermelho, Planeta Intruso, Planeta Higienizador, Éris, Duplo Sol, entre outros.

Um planeta alado aparece, efetivamente, na estatuária babilônica. Encontrei em minha biblioteca uma foto de um detalhe do Obelisco de Shalmaneser III (858 a. C. – 824 a. C.), onde se pode ver o círculo com suas asas e cauda. Dizem que a Chrysler criou a sua logomarca a partir desse símbolo babilônico.

Para alguns, as imagens do planeta com asas, entalhadas em pedra nas terras que viriam a ser o Iraque, é, simplesmente, Júpiter.

Que os povos antigos eram exímios em astronomia não restam dúvidas, pois restaram os zigurates, as pirâmides, e aquele fascinte objeto encontrado no Mar Egeu, que tem sido chamado de "o primeiro computador", o antikithera.

O Planeta Viajante, mesmo que não exista, e por isso mesmo para homenageá-lo, aparecerá na capa de meu novo livro, alegoricamente convertido num chapéu. Tomei o cuidado de preparar o lançamento para março deste ano, por razões óbvias.

Eis a cronologia do mito:

Maio de 2011: Nibiru será visível a olho nu, como um objeto avermelhado no céu. Passará no plano da eclíptica e parecerá um segundo Sol, com o tamanho da Lua.

14 fevereiro 2013: A Terra se movimentará entre Nibiru e o Sol. Acontecerá, então, a mudança magnética dos pólos, com resultados nada animadores.

1 julho 2014: Nibiru já não exercerá força gravitacional que nos afete, e viajará para além do sistema solar, em sua órbita de 3.600 anos.

Depois de 2014: Os sobreviventes criarão novas religiões, levantarão novos altares. Não faço idéia dos nomes que escolherão para os seus novos deuses, mas suspeito que o mal se chamará NASA. Em 2009, enquanto um asteróide passava de raspão pela Terra, a grande agência espacial silenciou, para não criar pânico. Quem engana uma vez, engana duas, como sabem os torcedores de um certo time de futebol.

8 comentários:

  1. Podemos saber o nome do livro? Ah, por falar em mito, a quantas anda o "Dia de matar porco"?

    abço

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  2. Para muita gente a NASA já é hoje uma divindade do mal, cujo poder de impingir sofrimento aos homens só perde para o dos terríveis irmãos Moreira.

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  3. A Nasa é só mais um em muitos que acobertam. E na sociedade que vivemos hoje, nem precisa fazer muita força para esconder alguma coisa.

    Não me refiro somente a possíveis catástrofes, inclua política, economia, justica e etc.

    Infelizmente Huxley estava certo.

    Como diria Raulzito "É pena eu não ser burro,NÃO SOFRIA TANTO".

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  4. Depois de oito voltei para Três de Maio para visitar a família do meu pai. Sem querer descobri que o padrinho de batismo dele é o Senhor Lindolfo. Ele comentou que tem um neto escritor. Por acaso é você?

    Achei muito legar a coincidência já que sou um leitor do seu blog.

    Att, Alceu Kunz
    bohemiosdebar.blogspot.com

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  5. Alceu,

    sim, Lindolfo é meu avô materno. Tem 96 anos e me disseram que quer casar com uma vizinha.

    Nesta sexta, dia 21 de jan, irei a TM, para festar os 94 anos de minha avó paterna.

    Abraço,

    CK

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  6. Hehehe... Essa estória da vizinha meu pai contou.

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  7. belíssima aula professor!!!! como eu aprendo neste blog...imagino, então os vestibulandos ou outros que estão estudando para concursos. Eles deveriam frequentar mais blogs como este, na certa ampliariam seus conhecimentos com aulas de qualidade e de graça.

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