A superpopulação mundial e a sua concentração em centros urbanos, o aquecimento global, a circulação incessante de produtos e de pessoas no mundo globalizado sinalizam a forte possibilidade de estarmos ingressando na era das pandemias. A SARS e a gripe aviária se encolheram, mas não sumiram. A gripe A, que ninguém previa, explodiu no México e rapidamente espalhou-se por todos os continentes. Se o H do vírus não fosse o 1, mas o 5, estaríamos todos num mundo congelado, com fronteiras fechadas, toque de recolher, falências em cadeia e mortes em proporções descomunais. O H1N1, nos princípios do século XXI, é apenas o ensaio do que está por vir, se a humanidade, e especialmente os países, não tomar urgentes medidas político-profiláticas.
O primeiro enfrentamento a ser feito é o educacional.
A atual pandemia recolocou na pauta da educação a questão da higiene. Agora, felizmente, as escolas e universidades estão redescobrindo a necessidade de se lavar as mãos, de se ficar em casa quando gripado, de se usar lenços descartáveis, de se vacinar sempre que possível. Sou professor na PUC. Quando comento que me vacino contra a gripe todos os anos, recebo comentários irônicos, como se eu fosse um velho precoce. Muitas vezes, utilizo os banheiros coletivos, também usados pelos estudantes. Enquanto eu me demoro ensaboando e lavando as mãos, eles saem das baias sem fazer a higienização. Minha filha, aos sete anos, tem hábitos de higiene que não encontro, muitas vezes, entre meus alunos adultos. No retorno às aulas após o recesso, poderei fazer a minha pregação básica sem parecer exagerado ou neurótico.
O segundo enfrentamento a ser feito é o de políticas eficientes na área da saúde pública.
A pandemia está demonstrando cabalmente que é necessário investir mais, muito mais, em saúde pública. Bastou um aumento inesperado na demanda por internações para que o sistema quase colapsasse. No perigoso mundo do futuro, a prevenção será fundamental. E prevenção significa pesados investimentos em infra-estrutura hospitalar, melhoria de vencimentos do corpo médico, luta política pela quebra de patentes, leis mais rígidas contra os cartéis de remédios, de produtos higiênicos e de produtos hospitalares. Antes da pandemia, para ficarmos em apenas um exemplo, um tubo de gel nas prateleiras das farmácias era muito mais barato do que agora, no auge da disseminação do vírus. Não nos disseram sempre que a produção em escala diminui custos? Ah, esqueceram de nos avisar que o aumento de demanda aumenta a infâmia...
Creio que esta pandemia de gripe A, felizmente de baixa letalidade, é um momento ímpar para refletirmos sobre educação e saúde, estes setores tão desprezados e esquecidos. Com as lições desta pandemia, talvez venhamos a estar melhor preparados para as próximas.
E não se enganem os ingênuos e excessivamente otimistas, o século recém começou.
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acredito firmemente que o grande problema no núcleo de todos esses problemas de saúde, educação e etc é o tremendo descontrole da natalidade. poderemos reverter o quadro de sustento da natureza? talvez jamais.
ResponderExcluiroq é político-profiláticas?
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