Kiefer, Diante de tanta informação inútil circulando na internet, este blog surge como um alento para tantos sedentos de arte e cultura. Está - uma afirmação singela - uma delícia! Abraço, Janina Stasiak
"Todo conceito de vanguarda em arte é destituído de sentido. Posso perceber o que ele significa quando aplicado esporte, por exemplo. Aplicá-lo à arte, porém, equivale a admitir a idéia de progresso artístico; e, muito embora o progresso seja um componente óbvio da tecnologia - máquinas mais perfeitas, capazes de desempenhar suas funções de maneira mais adequada e precisa -, como é possível, no campo da arte, que alguém seja mais avançado? Como afirmar que Thomnas Mann é melhor que Shakespeare?" (TARKOVSKI, Andrei. Esculpir no tempo. São Paulo: 1998. Martins Fontes, p. 114-115.)
Tudo bem, mas as metáforas de Aquiles e Penélope não foram muito bem escolhidas para a ilustração da superioridade do Homero, hein? Considerando “a porta do forno” e os” olhos de cadela”, o Machado de Assis dá um banho, não acha? Abraço
Acho que é baseado nestas idéias que minha professora de Literatura nos fala no "eterno retorno". O saber reescrever o mesmo sentimento, o qual já sentiu Aquiles, Romeu ou Dom Quixote eis o grande desafio do novo escritor? Que blog, que blog, estou me deliciando com cada novo aprendizado aqui conquistado.Muito obrigado por está gentil e generosa oportunidade.
Quase tudo o que sei sobre literatura aprendi com você, e sempre me espanto com o quanto você ainda tem a me ensinar. Por isso, penso vinte, trinta, cem vezes antes de discordar ou de fazer uma crítica a uma opinião sua. Mas vá lá. Enxergo nessas suas palavras sabedoria - a velha sabedoria com a qual me acostumei - mas enxergo nela, também, um certo romantismo. Vejo a parte sábia valorizar a tradição, e a parte romântica supervalorizar o passado. Não acho que Homero nos deu todas as metáforas que temos, definitivamente. E considero a Monalisa bem superior às pinturas rupestres (ou a conquista da perspectiva não foi objetivamente uma grande evolução em arte?). Lembro - seguindo as lições de um mestre em comum, Arnold Hauser - que os mundos de Homero e Sófocles foram quase tão distantes entre si quanto o nosso está do de Shakespeare. Portanto, a referência genérica que você faz "aos gregos" só reforça em mim a impressão do que já mencionei, a de uma certa valorização romântica do passado, em suas palavras. Acredito, sim, que os gregos são insuperáveis, mas dialética, e não qualitativamente. Não faz sentido comparar qualitativamente Sófocles com Tchekov, ou Shakespeare. Um dia, em aula, protestei contra os que "conspiram contra o presente". Nunca foi o seu caso. Você me apresentou Arlt, Piglia, Onetti, Carver, Quiroga, Benedetti, fez-me ler corretamente Cortázar, Sábato, Poe, Garcia Márquez, e tantos outros. Aliás, é Borges, e não Homero, o guardião cego da floresta, em seu próprio conto. Romantismos à parte, e cá para nós: não será uma opinião cristalizada em arte, como essa, mais insofismável do que um argumento de Demóstenes?
Kiefer,
ResponderExcluirDiante de tanta informação inútil circulando na internet, este blog surge como um alento para tantos sedentos de arte e cultura.
Está - uma afirmação singela - uma delícia!
Abraço,
Janina Stasiak
"Todo conceito de vanguarda em arte é destituído de sentido. Posso perceber o que ele significa quando aplicado esporte, por exemplo. Aplicá-lo à arte, porém, equivale a admitir a idéia de progresso artístico; e, muito embora o progresso seja um componente óbvio da tecnologia - máquinas mais perfeitas, capazes de desempenhar suas funções de maneira mais adequada e precisa -, como é possível, no campo da arte, que alguém seja mais avançado? Como afirmar que Thomnas Mann é melhor que Shakespeare?" (TARKOVSKI, Andrei. Esculpir no tempo. São Paulo: 1998. Martins Fontes, p. 114-115.)
ResponderExcluirNo entanto, afirmar que A é melhor que B é questão subjetiva, a não ser que seja uma análise técnica ou acadêmica, pois arte é subjetividade.
ResponderExcluirTudo bem, mas as metáforas de Aquiles e Penélope não foram muito bem escolhidas para a ilustração da superioridade do Homero, hein? Considerando “a porta do forno” e os” olhos de cadela”, o Machado de Assis dá um banho, não acha? Abraço
ResponderExcluirAcho que é baseado nestas idéias que minha professora de Literatura nos fala no "eterno retorno". O saber reescrever o mesmo sentimento, o qual já sentiu Aquiles, Romeu ou Dom Quixote eis o grande desafio do novo escritor?
ResponderExcluirQue blog, que blog, estou me deliciando com cada novo aprendizado aqui conquistado.Muito obrigado por está gentil e generosa oportunidade.
Quase tudo o que sei sobre literatura aprendi com você, e sempre me espanto com o quanto você ainda tem a me ensinar. Por isso, penso vinte, trinta, cem vezes antes de discordar ou de fazer uma crítica a uma opinião sua. Mas vá lá. Enxergo nessas suas palavras sabedoria - a velha sabedoria com a qual me acostumei - mas enxergo nela, também, um certo romantismo. Vejo a parte sábia valorizar a tradição, e a parte romântica supervalorizar o passado. Não acho que Homero nos deu todas as metáforas que temos, definitivamente. E considero a Monalisa bem superior às pinturas rupestres (ou a conquista da perspectiva não foi objetivamente uma grande evolução em arte?). Lembro - seguindo as lições de um mestre em comum, Arnold Hauser - que os mundos de Homero e Sófocles foram quase tão distantes entre si quanto o nosso está do de Shakespeare. Portanto, a referência genérica que você faz "aos gregos" só reforça em mim a impressão do que já mencionei, a de uma certa valorização romântica do passado, em suas palavras. Acredito, sim, que os gregos são insuperáveis, mas dialética, e não qualitativamente. Não faz sentido comparar qualitativamente Sófocles com Tchekov, ou Shakespeare. Um dia, em aula, protestei contra os que "conspiram contra o presente". Nunca foi o seu caso. Você me apresentou Arlt, Piglia, Onetti, Carver, Quiroga, Benedetti, fez-me ler corretamente Cortázar, Sábato, Poe, Garcia Márquez, e tantos outros. Aliás, é Borges, e não Homero, o guardião cego da floresta, em seu próprio conto. Romantismos à parte, e cá para nós: não será uma opinião cristalizada em arte, como essa, mais insofismável do que um argumento de Demóstenes?
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