quinta-feira, 4 de junho de 2009

O que te vai no ventre

O que te vai no ventre quer ser
aurora e serpente, e será gente.

O que te vai no ventre é raiz
profunda, pereira pura, quer

ser bailarina e atirador de facas,
será dramaturgo ou taumaturgo,

fotógrafa, comissária de bordo,
bardo, cineasta, jurista, ativista.

O que te vai no ventre quer ser
luar e semente, e será gente.


(Depois que descobri que Marta estava grávida, e ainda sem saber se era menino ou menina, fiz este poema. Hoje, eu o dedico à Sofia, pois ela já o pode ler sem o auxílio de ninguém. Para quem não sabe, kiefer, em alemão, além de osso, maxilar, também é madeira, pinheiro selvagem, e aqui, com a licença poética, meu sobrenome é pereira. Muita pera eu descasquei para que minha avó Regina fizesse as compotas, os doces, os sucos de pera que meu avô Bernardo tanto amava ).

3 comentários:

  1. Poesia e Memórias, mais do que um tempo, sementes!

    Um abraço à Sophia, um abraço a mais Poesia, Kiefer!!!

    Carmen Silvia Presotto

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  2. Quando li o título, quase recitei de cor esses versos. Lembro-me de quando os escreveste.
    Teu blog está lindo, Charles. E não faço mais elogios, ainda que sejam muito merecidos, porque já os tens bastante por aqui.
    Bjs,

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