domingo, 26 de abril de 2009

A sacralização do texto

Este texto encontra-se agora em Para ser escritor, Editora Leya, 2010.

15 comentários:

  1. Caro Kiefer, querido Poeta e mãos de tintas!!!

    Primeiro te parebenizo por este escrito, uma bela reflexão!!!

    Depois, seguindo Sócrates, sabemos que este saber que nada sabemos é a nossa dialética para seguir na fervura da Vida, seja em mais subjetividades, seja em mais mergulhos... No entanto, também sabemos que pelas fervuras da Escrita está o porvir, está o trabalho e, por isso devemos ficar sempre atentos as "tampas" das panelas, lagos e mares, entre-lugares, na minha opinião, onde mais sucedem as causas do congelamento e da sacralização...

    Enfim, nas águas da Literatura onde tudo é possível, sem tantas aspas, um dia também será possível mais Vida(s),ou não?

    Um abraço carinhoso.
    Carmen Silvia Presotto

    www.vidraguas.com.br

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  2. Jeferson Montag26/4/09 17:19

    Penso que é importante o autor valorizar e até se colocar um pouco na condição de contemplador da sua criação, mas é preciso ter cuidado com excessos! Realmente, a não-capacidade de ouvir críticas afeta as pessoas em qualquer atividade, na Universidade, no mercado de trabalho, em casa...
    Muito legal o blog!
    Abraço

    Jeferson

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  3. Marco Antonio Schuster26/4/09 17:27

    Mas também tem o contrário: aquele que não acredita em seu próprio texto, aquele que não se reconhece valor, mesmo que tenha. Como se Narciso se olhasse no lago e dissesse "que sujeito feio sou eu " e se desencantasse tanto da vida que decidiria não comer, não dormir e fenecer.
    A escassez de auto-estima é tão perniciosa quanto o excesso. É silenciosa e destrutiva, mas não faz textos sibilantes

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  4. Charles,

    esta é a primeira leitura, de muitas que desejo fazer por aqui, aprendiz de teus ensinamentos como sempre. E em silêncio pensando sobre este Narciso ou seu contrário, como bem observou o Marco Antonio, no comentário anterior. Abraço, longa vida ao blog, parabéns.

    Obrigada por mais esta reflexão

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  5. CK,

    antes de mais nada parabéns pelo BLOG que acompanho a cada mensagem recebida. Leio tudo e fico satisfeito.
    Nesse caso da sacralização do texto, comigo acontece algo, talvez, invertido. Quer dizer: a sacralização da idéia, que é um tipo de bloqueio de escrita. Julgo ter uma idéia maravilhosa e quando vou às práticas, acho tudo uma porcaria, que é lugar comum, que já foi dito, que não sei fazer diferente, que está igual a tudo, que não sei escrever(isso é o mais provável). Vejo tanto livrinho por aí que penso que serei mais um a publicar algo parecido (se publicar!). Talvez eu nomeie isso de "a sacralização de si mesmo como escritor". Nesse caso também morre um autor.

    Renato.

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  6. Leandro Scalabrin27/4/09 07:09

    Charles, ultimamente me preocupa (e me preocupa a mim) o que o Marco Antonio escreveu sobre aquele que não acredita (não em seu próprio texto, o qual temos que ser não-narcísicos) em si, ou está em dúvida, se realmente dá para a coisa.
    Leandro Scalabrin

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  7. Como professor sabes que o escritor iniciante passa, no mínimo, por duas fases: a idéia de que seu texto é ótimo (e acabado); a constatação da sua incapacidade. Conforme Assis Brasil, nessa outra fase o escritor desiste do texto. Se não chegar a tanto, provavelmente o professor desistirá do aluno.
    De qualquer forma, o novato que ama seu texto e tem dificuldade com a crítica, seguirá escrevendo para si mesmo, como bem posto por ti. Mais um chato no mundo.
    Acompanho, com muito prazer, o teu trabalho.
    José Carlos Laitano

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  8. C.K., fica difícil, aos novatos, fazer uma autocrítica de seus escritos. Corremos este risco de idolatria demasiada ou severa punição ao nosso texto. Tu pedias auxílio a Quintana, meu adorável professor Trevisan era socorrido com críticas de C. Lispector, Cecícia Meireles e Drumond. E nós, pobres mortais desconhecidos, quem terá a paciência e a lucidez de dizer - Avante, podes te comtemplar à vontade , nas águas silenciosas do lago literário. Admiro-te muito!! L. Johnson

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  9. Eis minha primeira visita por aqui... ótimo blog! Darei uma lida mais atenta nos posts, quando voltar com mais tempo.

    Grande abraço!

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  10. Se o escritor "é", ele "é", e as idiossincrasias inerentes a ele comportam o todo na extensão exata do seu gênio. Na esteira de Rilke, o escritor não pede licença para escrever. E se a vaidade o impedir de fazê-lo, ele, de toda sorte, continua sendo o que é. Nem mais, nem menos. Abraço

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  11. Li a Sacralização e, do todo, o que mais me marca é o "nada saber", mais que a vaidade narcisa, por ser algo que surge em mim e me vem crescendo em consciência a cada dia. Essa percepção do "não saber" é antagônica posto que, quanto mais experimento, mais certeza tenho do que preciso aprender.

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  12. Em uma primeira lida, parece se tratar de um banho de água fria no ânimo de quem está começando, como é o meu caso. Mas lendo mais atentamente, é isso mesmo. A prova são os nomes que se tornaram clássicos na literatura, como Erico Verissimo, Machado de Assis, Jorge Amado, entre outros. Acho que esse texto não vale só para a questão literária, mas também, para a vida em qualquer área (profissional, pessoal, amorosa, etc). Aliás, na vida amorosa esse é um grande problema, porque ao invés das pessoas amarem o outro elas se amam na imagem do outro, e quando descobrem que o outro é o outro, e não elas mesmas, aí vai tudo para as cucuias, como diria o meu pai, Nabucodonosor, lá nas Missões. Abraço!

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  13. Oi, Charles.

    Já tinha lido teu texto, mas reli agora a convite do mail. Bela reflexão, com a qual concordo. No fim das contas, o que o autor acha de seu texto se perde na hora em que chega até o leitor. É difícil ser um bom auto-crítico (seja para o que funciona e o que não funciona), mas é um exercício, e mais ainda quando ouvimos de mente aberta a opinião dos outros, especialmente se também escrevem. Muitas vezes o texto é lido como algo muito distante do que o autor quis passar, e esse é o barato. Tem que ter mente aberta, e continuar buscando, errando, recomeçando. Às vezes é difícil escrever despretensiosamente, sem esperar que o conto ou romance se torne a nova sensação da literatura, mas é justamente isso que nos bloqueia. Acho que tem que dar a cara pra bater, e quem escreve tem que estar preparado para ser criticado. Pelo menos se quiser que sua literatura cresça, como bem assinalaste.

    Obrigado pelo texto.

    Grande abraço!

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  14. Charles,
    O escritor é quase sempre um apressado nas ideias, em suas contemplações e quase sempre em avaliar a si mesmo. Mas sabemos que há muita diferença entre aquele que escreve - o escrivinhador - e o ser especial que traz o mesmo tema, os mesmos assuntos como novas ideias dentro de um texto fruto de uma linguagem apta a um verdadeiro escritor. Eis um grande diferencial: laborar a palavra.
    Parabéns pelo blog está excelente. Tania Nunes

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  15. Acho este assunto muito instigante, mexe com nossas vaidades...Prefiro amar a mim, como ser pensante/atuante/sensível que ameu reflexo, que ora por estar em lagos claros e limpos, ora numa turva poça d'água...Quanto à critica, há que saber escutá-la:nem ignorá-la, nem torná-la a única opinião na face da terrra. E claro, checar a procedência do crítico!
    Abraços, adorei, Mônica

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