quarta-feira, 22 de abril de 2009

A arte não evolui

Este texto encontra-se agora em Para ser escritor, Editora Leya, 2010.

6 comentários:

  1. Kiefer,
    Diante de tanta informação inútil circulando na internet, este blog surge como um alento para tantos sedentos de arte e cultura.
    Está - uma afirmação singela - uma delícia!
    Abraço,
    Janina Stasiak

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  2. "Todo conceito de vanguarda em arte é destituído de sentido. Posso perceber o que ele significa quando aplicado esporte, por exemplo. Aplicá-lo à arte, porém, equivale a admitir a idéia de progresso artístico; e, muito embora o progresso seja um componente óbvio da tecnologia - máquinas mais perfeitas, capazes de desempenhar suas funções de maneira mais adequada e precisa -, como é possível, no campo da arte, que alguém seja mais avançado? Como afirmar que Thomnas Mann é melhor que Shakespeare?" (TARKOVSKI, Andrei. Esculpir no tempo. São Paulo: 1998. Martins Fontes, p. 114-115.)

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  3. No entanto, afirmar que A é melhor que B é questão subjetiva, a não ser que seja uma análise técnica ou acadêmica, pois arte é subjetividade.

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  4. Tudo bem, mas as metáforas de Aquiles e Penélope não foram muito bem escolhidas para a ilustração da superioridade do Homero, hein? Considerando “a porta do forno” e os” olhos de cadela”, o Machado de Assis dá um banho, não acha? Abraço

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  5. Acho que é baseado nestas idéias que minha professora de Literatura nos fala no "eterno retorno". O saber reescrever o mesmo sentimento, o qual já sentiu Aquiles, Romeu ou Dom Quixote eis o grande desafio do novo escritor?
    Que blog, que blog, estou me deliciando com cada novo aprendizado aqui conquistado.Muito obrigado por está gentil e generosa oportunidade.

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  6. Christian Simões25/4/09 16:51

    Quase tudo o que sei sobre literatura aprendi com você, e sempre me espanto com o quanto você ainda tem a me ensinar. Por isso, penso vinte, trinta, cem vezes antes de discordar ou de fazer uma crítica a uma opinião sua. Mas vá lá. Enxergo nessas suas palavras sabedoria - a velha sabedoria com a qual me acostumei - mas enxergo nela, também, um certo romantismo. Vejo a parte sábia valorizar a tradição, e a parte romântica supervalorizar o passado. Não acho que Homero nos deu todas as metáforas que temos, definitivamente. E considero a Monalisa bem superior às pinturas rupestres (ou a conquista da perspectiva não foi objetivamente uma grande evolução em arte?). Lembro - seguindo as lições de um mestre em comum, Arnold Hauser - que os mundos de Homero e Sófocles foram quase tão distantes entre si quanto o nosso está do de Shakespeare. Portanto, a referência genérica que você faz "aos gregos" só reforça em mim a impressão do que já mencionei, a de uma certa valorização romântica do passado, em suas palavras. Acredito, sim, que os gregos são insuperáveis, mas dialética, e não qualitativamente. Não faz sentido comparar qualitativamente Sófocles com Tchekov, ou Shakespeare. Um dia, em aula, protestei contra os que "conspiram contra o presente". Nunca foi o seu caso. Você me apresentou Arlt, Piglia, Onetti, Carver, Quiroga, Benedetti, fez-me ler corretamente Cortázar, Sábato, Poe, Garcia Márquez, e tantos outros. Aliás, é Borges, e não Homero, o guardião cego da floresta, em seu próprio conto. Romantismos à parte, e cá para nós: não será uma opinião cristalizada em arte, como essa, mais insofismável do que um argumento de Demóstenes?

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