No caminho, com Eduardo Alves da Costa
(Charles Kiefer)
No primeiro dia, eles acamparam na frente dos quartéis
e pediram intervenção militar,
cantaram e bateram continência para pneus,
enviaram mensagens luminosas de celular para os ETs
e não dizemos nada.
No segundo dia, eles invadiram a Praça dos Três Poderes,
quebraram portas e vidraças, invadiram prédios,
destruíram obras de arte, móveis e a Constituição,
enrolados na Bandeira Nacional,
repitindo o refrão: Deus, pátria, família e liberdade
e não dizemos nada.
No terceiro dia, eles se amotinaram, ocuparam as cadeiras da
Diretoria do Legislativo, colaram esparadrapos na boca
e facismo na alma
e não dizemos nada.
Até que um dia, o traidor da pátria,
que fugiu para conspirar,
retornou com a United States Cavalry
para dizimar os apolíticos apáticos que nos tornamos.
E já não podemos dizer nada.
precisamos silenciar a voz do nosso silêncio...
ResponderExcluirAdorei
ResponderExcluirInspiro-me em suas palavras, nas de Eduardo Alves da Costa e em Maiakóvski, Brecht e outras boas companhias para, aos poucos, ir vencendo o trauma deste passado recente-e-presente, para que a raiva deixe de me corroer e a indignação vire digna ação.
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