domingo, 10 de fevereiro de 2013

Caímos um, mas subimos dois


Tenho uma amiga muito querida, querida por mim, pela Sofia e pela Marta. Ela freqüenta a nossa casa. Às vezes, dorme aqui. E almoça. E janta. Chama-se Maria Clara Lisboa. Ela e a Sofia são primas. Marta, minha esposa, e Nei Lisboa, pai da Maria Clara, são primos. Só eu, nessa história, não sou parente. Por isso, chamo a Maria Clara de amiga.
No ano passado, durante uma janta, ouvi a Maria Clara dizer que era vegetariana. Fiquei impressionado. E admirado, pois eu próprio já tentei ser vegetariano e não consegui resistir aos apelos cheirosos e suculentos das costelas e picanhas assadas no espeto.

Fiquei torcendo pela minha amiga, tomara que ela consiga, tomara que ela consiga resistir, tomara que ela seja mais resistente às tentações da carne do que eu.
Dias atrás, quando a Maria Clara veio aqui em casa, me disse:

“Charles, não consegui resistir. Comi um bauru na praia”.
Bem, valeu a tentativa, não valeu?

Importante, Maria Clara, é que a gente se sinta bem. Eu, por exemplo, não me sinto bem comendo carne todos os dias. Aliás, se eu comer carne todos os dias durmo mal, fico pesado, sonolento, fico – ai que palavrão – constipado!
A história da Maria Clara me levou a procurar, na minha biblioteca, afirmações de escritores e filósofos sobre o ato de comer carne. Encontrei algumas pérolas, que divido aqui com a minha amiga, com a Sofia, com a Marta, com o Nei e com a Rosane, mãe de Maria Clara, e com todos aqueles que, como nós, tentam diminuir o consumo de carne, ou querem parar de vez...

Pitágoras, o grande Pitágoras, aquele que estudou com os cabalistas da Mesopotâmia, e que aprendeu com eles muitas noções que expressou em 12 tópicos, disse:
“A carne é o alimento de certos animais. No entanto, nem todos os animais comem carne. Os cavalos, os bois e os elefantes se alimentam de ervas. Só os que tem índole violenta e feroz como os tigres e os leões podem saciar-se com sangue. Que horror é engordar um corpo com outro corpo, viver da morte dos seres vivos.”

(Só para que vocês não fiquem curiosos sobre os 12 tópicos que Pitágoras retirou da kabbalah, ei-los:
1.     Educai as crianças e não será preciso punir os homens.
2.     Não é livre quem não obteve domínio sobre si.
3.     Pensem o que quiserem de ti; faz aquilo que te parece justo.
4.     O que fala semeia; o que escuta recolhe.
5.     Ajuda teus semelhantes a levantar a carga, mas não a carregues.
6.     Com ordem e com tempo encontra-se o segredo de fazer tudo e tudo fazer bem.
7.     Todas as coisas são números.
8.     A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar é aproximar-se de Deus.
9.     A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a Unidade é a Lei de Deus.
10.  A vida é como uma sala de espetáculos: entra-se, vê-se e sai-se.
11.  A sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se filósofos.
12.  Anima-te por teres de suportar as injustiças; a verdadeira desgraça consiste em cometê-las.)

Sidharta Gautama, o Buda, disse:
“Feliz seria a Terra se todos os seres se mantivessem unidos pelos laços de benevolência e só se alimentassem de alimentos sem derramento de sangue. Os dourados grãos, os reluzentes frutos e as saborosas ervas que nascem para todos bastariam para alimentar e dar fartura ao mundo”.

Leonardo da Vinci, o inventor italiano, disse:
“Virá uma época em que os seres humanos se contentarão com uma alimentação vegetariana e julgarão a matança de um animal inocente como hoje se julga o assassinato de um ser humano”.

Leon Tolstói, o romancista russo, disse:
"O comer carne é a sobrevivência da maior brutalidade. A mudança para o vegetarianismo é a primeira consequência natural da Iluminação”.

 
Maria Clara, já que falei em kabbalah, tenho outra coisa para te dizer. Segundo a Sabedoria Antiga, sempre que a gente tenta de novo depois de falhar em algum propósito, avança dois degraus escada acima, de tal forma que se descer outra vez, teremos subido um degrau. Na verdade, caímos um degrau, mas subimos dois.