quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Os maias e 2012

Maias, astecas e outros povos antigos faziam observações astronômicas impressionantes, pela acuidade e precisão. Rir do que não compreendemos não comprova a falta de “ciência” dos antigos, mas revela os nossos próprios preconceitos e platitudes.

O calendário maia termina em 21 de dezembro de 2012. Neste dia, para este antigo povo a Terra cumprirá mais um ciclo. Desta observação astronômica, alguns, “apocalípticos” – como diria Umberto Eco –, extraem a certeza de que o mundo irá acabar daqui a dois anos.

Para os maias – e para antigas tradições esotéricas –, em 2012 teremos, nas proximidades do sistema solar, a presença de um corpo celeste gigantesco, seis vezes maior que Júpiter, que passará a 500 mil quilômetros da Terra (em sua órbita que dura exatos 25.968 anos). A força gravitacional que ele exercerá sobre o nosso planeta, e sobre todo o sistema solar, gerará problemas significativos aqui em baixo.

É por isso que o calendário maio termina no dia 21 de dezembro de 2012. Depois desta data suas observações astronômicas cessam. Outro povo talvez seja capaz de fazer as previsões astronômicas para os próximos 25.968 anos.

Você, como eu, é cético a respeito disso? Então, a partir de maio de 2011, teremos (ou não) uma prova “científica” a respeito do retorno de Hercólobus, Nabiru, Nêmesis, Barnard´s Star (ou qualquer outro dos muitos nomes que já se deu a esse planeta nômade): como se fosse um “segundo Sol”, o planeta-viajante estará visível a olho nu aqui da Terra.

Sem telescópios, poderemos ver (ou não) a Estrela Baal (era assim que os maias o chamaram) viajando com sua massa colossal e provocando aqui em nossa terrinha fenômenos espantosos, a respeito dos quais prefiro não falar.

Insisto, e espero, que o nosso preconceito, a nossa jactância, a nossa pouca fé tenha razão e tudo isso não passe de fantasia, de misticismo, de neurose. Se assim for, no dia 21 de dezembro de 2012 estarei lançando, com meus queridos alunos e alunas de oficina, um novo livro de contos. Se o mundo não estiver caótico demais, venha ao lançamento comemorar a ignorância dos maias.

Agora, se em maio de 2011 pudermos ver, a olho nu, esse “segundo sol” sobre nossas cabeças, vamos nos organizar e construir uma nova arca de Noé. Ou quem sabe, uma nave espacial para fugirmos daqui.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Liberação de "A poética do conto"

A cada dia, mais eu sinto a vontade de disponibilizar a minha obra na internet. Não fossem os meus contratos com as editoras que me publicam, lançaria tudo aqui, para quem quisesse ler, gratuitamente.

Nunca vivi de direitos autorais, nunca vendi tanto a ponto de viver de direitos autorais. Em certo período, entre 92 e 98, fiz um acordo com Roque Jacoby, meu antigo editor. Ele me pagava o salário (que eu tinha quando era funcionário da editora Mercado Aberto) e eu ficava em casa, escrevendo e estudando. Foi o período em que pude fazer faculdade, escrever vários livros, viajar por muitos lugares. Meu compromisso era apenas o de entregar a Mercado Aberto todos os meus livros. Depois, com o declínio econômico da editora, esse arranjo se desfaz. Aceitei um cargo público, de Coordenador do Livro e Literatura da SMC de Porto Alegre, e abandonei a carreira literária. Praticamente não escrevi, não publiquei. E naufraguei, literariamente falando. Seis anos depois, recomecei tudo, publicando pela Ática, pela Record, pela Manole. Mas as vendas de meus livros caíram vertiginosamente. E continuam caindo. Hoje, o único comprador de meus romances, contos e livros de ensaio sou eu mesmo, que dou os livros de presente aos meus alunos.

Por isso, tomei a decisão: vou publicar aqui, por partes, o meu A poética do conto, na versão integral. A edição da Nova Prova é parcial. Fiz alguns cortes, para retirar da obra o ranço acadêmico. Pois vou recuperar o ranço, publicando tudo aqui.

Os exemplares que eu ainda tinha em estoque (e que nos últimos anos dei de presente aos meus alunos de oficinas literárias) estão se acabando. Tentei fazer uma segunda edição, nenhuma editora se interessou. Como em outros projetos neste blog, o numeral entre parênteses será o guia de leitura.

Quem quiser acompanhar, a primeira postagem será A poética do conto (1). Já antecipo que este texto inicial não consta da edição publicada em livro. É uma espécie de síntese do que a obra contém.

sábado, 7 de agosto de 2010

Convite e explicação

Neste momento, este blog possui 210 seguidores.

Convido a todos a acompanhar, também, como seguidores, o novo blog que criei:

http://catalectico.blogspot.com/

Nesse espaço, publicarei exclusivamente poemas, meus e de meus alunos e alunas de oficinas.

O nome estranho, e para alguns excessivamente sofisticado e pedante, tem uma explicação  bem simples. Todos os nomes pensados já estavam registrados. Tive que apelar para um nome raro. Felizmente, ninguém pensou nele antes para batizar seu próprio blog poético.

Quem quiser saber o que significa nem precisa recorrer ao dicionário. Basta visitá-lo. No perfil, há a definição do conceito.

Boa leitura.

Abraço,

Charles Kiefer

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ofensas à velocidade da luz

Muitas vezes, a caminho de uma Agência dos Correios e Telégrafos, rasguei cartas que iria enviar. Entre o tempo da escritura e a remessa da carta, o coração serenara, e o que era mágoa, desilusão ou simples raiva transformara-se em outra coisa, perdão, compreensão ou simpatia pelos erros alheios.

No tempo das carruagens, o mal também se movimentava com lentidão. Ao menos, o mal epistolográfico.

Hoje, não. Hoje, quando nos damos conta, a ofensa já partiu à velocidade da luz.

Não conheço a experiência dos meus leitores, mas eu, mesmo sem querer, já magoei algumas pessoas por e-mail. Ou porque não refleti suficientemente antes de enviá-lo; ou porque o destinatário – na sua pressa igual a minha – leu mal e interpretou o conteúdo equivocadamente.

Ganhamos em rapidez e comodidade com a advento do e-mail, mas estamos perdendo em humanidade e delicadeza.

Os deuses, como diziam os fenícios, e que Fernando Pessoa plagiou, vendem quando dão.